Brazilian review (major newspaper)

The Burt Bacharach Forum is a board to discuss the music and career of composer Burt Bacharach and performers associated with his songs.

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Rio

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It is very positive.

http://oglobo.globo.com/jornal/suplemen ... 439393.asp

O GLOBO

SEGUNDO CADERNO

Rio, 29 de novembro de 2005 Versão impressa


Em tempo de desilusão e medo


At this time

Burt Bacharach

Mesmo que muitas bases do novo disco tragam bateria eletrônica e baixo sintetizado, a sonoridade tem tudo a ver com o padrão do pop orquestral que Burt Bacharach ajudou a criar nos anos 60 e 70. Algo que então roqueiros e parte da crítica tachavam de musak, música de elevador, mas que a partir dos anos 90 virou chique, lounge music, cultuada e regravada por novos grupos — a capa do disco de estréia do Oásis, por exemplo, trazia um pôster de Bacharach no canto da sala na qual posa a banda britpop. Desde então, suas canções têm sido gravadas e regravadas, todos seus discos ganharam reedições em CD.

Se o inconfundível som Bacharach ainda impera — vocais femininos, cordas, sopros, solos de trompete — assim como a força melódica de suas composições, no novo disco, “At this timeâ€￾ (que a Sony&BMG lançará no Brasil em dezembro), as letras trocam o perene romantismo de Hal David (seu parceiro em dezenas de clássicos) por uma visão pessimista de nosso tempo, entre um tom de protesto contra a inépcia dos governantes e o de insegurança frente ao mundo contemporâneo.

Bacharach assina as letras em parceria com Tonio K

“Quando era um garoto / 12 anos de idade / Crescendo na cidade de Nova York / Eu podia pegar o metrô sozinho / E nunca, nunca sentir medo / Para onde isso foi? / E diga-me o que aconteceu ao mundo que conheci / Ele realmente acabou? (...) /Agora tenho um garoto que está com 12 / E uma garota de 9 / E um filho na faculdade / E eu me preocupo o tempo todo / Preocupado sobre seu futuro / O que lhes trará? / Já que ninguém está seguro estes diasâ€￾. Lamuria-se em “Where did it go?â€￾ o letrista bissexto Bacharach — em letras escritas em parceria com Tonio K., um obscuro compositor californiano, que manteve carreira solo idem nos anos 70 e 80.

Bem, insegurança por insegurança, nascido em 12 de maio de 1928, Bacharach tinha 12 anos em 1940, um dos períodos mais incertos da Humanidade. E se comparado à época em que escreveu suas canções românticas com David, a Nova York de hoje é bem mais segura. Portanto, no quesito letras, melhor quando Bacharach juntou-se a Elvis Costello, no belo “Painted from memoryâ€￾ (seu disco de 1998). Costello, por sinal, é um dos convidados agora em “At this timeâ€￾, mas como cantor, em “Who are these people?â€￾, uma das músicas de protesto de Bacharach e Tonio K. “Quem são essas pessoas nos contando mentiras / E como essa gente controlou as nossas vidas / e quem irá parar a violência que está fora de controle?â€￾, pergunta-se Costello, em tom choroso realçado pelo solo de violino de Joel Derouin.

Num disco no qual os temas das letras e das melodias se repetem como numa suíte, “Is love enough?â€￾ parece comentar a canção interpretada antes por Costello, enquanto os letristas se perguntam se “o amor é suficienteâ€￾.

Rufus Wainwright é outro dos cantores convidados

Em seguida, “Cant’t give it upâ€￾ é uma pérola pop como muitas das gravadas por Dionne Warwick, a grande intérprete de Bacharach nos anos 60: introdução instrumental de ritmo quente, balanço latino-americano (ao vir ao Brasil, em fim dos anos 50, como pianista e diretor musical de Marlene Dietrich, ele encantou-se com o baião), e melodia anunciada por trompete.

Outro convidado do pop, o jovem cantor e compositor Rufus Wainwright é o intérprete de “Go ask Shakespeareâ€￾, na qual Bacharach e Tonio K. transferem suas dúvidas para o velho dramaturgo: “...a vida é um milagre ou uma história de tolos / Não sei; vá perguntar a Shakespeareâ€￾.

Inquietações poético-existencialistas à parte, Burt Bacharach, aos 77 anos e nos nossos dias, merece ser ouvido ainda pelo apelo melódico e pelo tratamento orquestral que dá às suas composições. Algo que se percebe nas introduções das canções e nos dois temas instrumentais do disco, “In our timeâ€￾ (com participação do trompetista de jazz Chris Botti) e “Dangerâ€￾ (com bateria e baixo programados pelo rapper Dr Dre e solo de violino de Charlie Bishrata). Música bela e atemporal, até para estes tempos tão inseguros para o Sr. Bacharach.

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Last sentence: "Beautiful and timelss music, even for such insecure times for Mr. Bacharach."
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